Pesquisadores da Universidade de Western Sydney e da Universidade de Melbourne, na Austrália, Loch Forsyth (1) e Louise Hayes (2) publicaram dados de uma pesquisa super interessante sobre a tolerância à dor.
Publicado no Jornal 'The Psychogical Record' em Abril de 2014, o estudo examinou os efeitos que a aceitação dos pensamentos, a atenção plena da respiração e as estratégias de enfrentamento surgidas espontanamente têm sobre a habilidade dos participantes da pesquisa em tolerar dor induzida experimentalmente.
Foram no total 58 participantes elegíveis (N = 58), 16 do sexo masculino e 42 do sexo feminino (idade M = 29,31 , DP = 11,21 ). Os participantes foram randomizados em três grupos e completaram duas tarefas de ar frio compresso que induzia dor.
O primeiro teste de compressor de ar frio formou uma linha de base para todos os três grupos. O grupo da Aceitação de Pensamentos (A) e Atenção Plena da Respiração (B) ouviram instruções gravadas e, em seguida, completaram a segunda fase do estímulo do compressor de ar frio.
O grupo de Enfrentamento Espontâneo (C) completou a tarefa do ar frio duas vezes com instruções para selecionar seu próprio estilo de enfrentamento àquela situação.
Resultados da amostra mostrou diferenças significativas entre os grupos A, B e C na tolerância à dor. A Aceitação de Pensamentos (A) e Atenção Plena da Respiração (B) resultou na tolerância à dor significativamente maior do que o grupo que foi instruido a enfrentar àquela situação de forma espontânea.
Os resultados obtidos são coerentes com os pressupostos da Terapia de Aceitação e Compromisso (ACT), de que a experiência do desconforto quando percebida de forma aberta e sem julgamento é capaz de estimular no indivíduo habilidades como resiliência e tolerância, isto é, flexibilidade psicológica.
É necessária uma análise mais aprofundada dos efeitos dos processos de agir sobre a tolerância à dor induzida experimentalmente. Entretanto, pode-se afirmar que os resultados dessa pesquisa, com base em estudos anteriores no campo de Mindfulness e da Terapia de Aceitação e Compromisso (ACT) e Dor, são promissores e nos fazem refletir sobre o impacto da aceitação e dos processos da atenção plena, ou mindfulness, na habilidade do sujeito em lidar com situações difíceis de forma mais flexível e resiliente.
Fonte : O jornal Psychological Registro1. Faculdade de Ciências Sociais e Psicologia da Universidade de Western Sydney , Sydney, Australia (Abril, 2014)
Texto: Vitor Friary