Enquanto observamos as folhas caindo sobre o chão da cidade ou do campo no outono, somos lembrados de que os ciclos da natureza são espelhados em nossas vidas. O outono é uma hora para soltar e liberar as coisas que têm sido um fardo e que já tiveram o seu tempo.
O Outono nos lembra de que tudo no universo, incluindo o que sentimos, pensamos e nossas experiências de dor ou de alegrias são impermanentes. Experimentamos o surgimento da vida na Primavera e um movimento maior no Verão. Agora as folhas caem e os ramos nus nos lembram a natureza fugaz de todas as coisas.
A estação de outono é o momento certo para a prática de abrir mão de todos os esforços que não mais funcionam para gente, e deixar a nossa verdadeira intenção, do que realmente importa, nos guiar de momento a momento.
Cynthia Kneen em seu livro "Awake Mind, Open Heart", que em português é traduzido como Mente Acordada, Coração Aberto, divide conosco uma prática de abertura do coração para ser levada em consideração durante o Outono.
"Quando você é corajoso e mantêm seu coração aberto, você tem afeto por este mundo — esta luz do sol, este outro ser humano, esta experiência. Você experimenta o mundo despido, e quando o mundo toca o seu coração, você percebe que esse mundo é muito fugaz. Então é perfeitamente correto dizer que o 'Olá' significa 'Adeus'. E também que, 'Minha esperança, Olá novamente'.
Como as folhas do outono começam a cair sobre a terra, deixe uma atenção gentil cair dentro deste presente momento.
Já que a impermanência é inevitável o que nos resta é ativarmos no presente momento com base no que realmente importa, nos abrindo para coisas, pessoas e situações como presentes que vêm e que vão, então convidemos a nossa atenção para o presente momento. Como um paraquedas, deixemos a nossa consciência cair dentro de nossas experiências presentes como elas são: impermanentes.
Vitor Friary é Autor, Psicólogo e professor de Mindfulness no Centro de Mindfulness no Rio de Janeiro.