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Dr. Vitor Friary

Ritalina está em falta nas farmácias: para onde foi a sua atenção?


Estudantes de todo o Brasil têm um sonho em comum: passar no vestibular e conquistar seu sonho em uma vaga de universidade. O que eles também têm em comum é a tendência de se enredar em uma teia de pensamentos ansiosos, e serem assaltados por pensamentos que ditam que quanto mais esforço melhor, e que o fracasso seria terrível, e portanto uma saída seria aumentar o nível de foco, atenção e energia para no final conquistar esse tão desejado sonho. "Então porque não fazer o que todo mundo anda fazendo, tomando ritalina?"

O cloridrato de metilfenidato é um medicamento tarja preta conhecido popularmente como ritalina e é vendido nas farmácias somente com receita. É um droga que serve para o tratamento do TDAH (Transtorno de Déficit de Atenção e Hiperatividade) e prevê para quem usa um aumento de concentração e redução do comportamento hiperativo. Para muitos a droga é vista como um milagre da atenção e é comum o uso entre concurseiros, vestibulandos e alunos de escolas em busca da nota perfeita.

 

Para muitos a droga é vista como um milagre da atenção e é comum o uso entre concurseiros, vestibulandos e alunos de escolas em busca da nota perfeita.

 

De acordo com a Organização Mundial de Saúde, a prevalência do TDAH gira em torno de 3 a 5% da população infantil e nos adultos é de 4%. Nos últimos meses, houve um momento significativo de reclamações sobre a falta do remédio nas farmácias brasileiras em páginas como o Reclame Aqui.

O que as pessoas geralmente não associam ao uso da ritalina são os efeitos colaterais possíveis: agressividade, irritabilidade, dependência e insônia, em especial para quem se auto-medica.

Quando eu decidi escrever esse artigo muito inspirado por uma matéria recente da rádio globo, eu fiz um número de reflexões sobre o assunto. Uma dessas reflexões foi: para onde foi a atenção das pessoas? Por qual motivo estamos tão fixados na obtenção de resultados e de conquistas? Por que estamos perdendo noção dos riscos quando tomamos medicamentos sem prescrição ou sem uma avaliação correta de diagnósticos para atingir estados cognitivos e emocionais x ou y.

 

O que as pessoas geralmente não associam ao uso da ritalina são os efeitos colaterais possíveis: agressividade, irritabilidade, dependência e insônia.

 

Eu atendo no consultório um número de casos de dependência de medicamentos, as famosas drogas legais. Na maior parte das vezes esses pacientes apresentam uma dificuldade grande de tolerar os desconfortos do dia a dia, e tem uma tendência a ter pensamentos negativos sobre si mesmos que o aprisionam ao vício e as fissuras pela atenção melhoras e a energia certa.

Eu acredito que existem outras maneiras de nós desenvolvermos atenção e confiança. O que precisamos é estarmos dispostos a aprendermos essas ferramentas e inseri-las no nosso dia a dia.

O mindfulness é uma proposta que visa ensinar as pessoas a desenvolver uma regulação melhorada da atenção, e a reduzir sintomas da ansiedade. As práticas de mindfulness também ajudam a reduzir os efeitos da auto-estima baixa e aumenta confiança nas pessoas.

Para onde foi a sua atenção? Será que ela foi parar na farmácia? Ou existe uma maneira dela habitar em você, e que seja apenas uma questão de treinar essa habilidade e fazê-la florir na sua vida?

 

Autor deste artigo, o Psicólogo Vitor Friary, fundador do Centro de Mindfulness e Clínica de Redução de Estresse no Brasil. Especialista em Terapia Cognitiva baseada em Mindfulness e atente em consultório particular na cidade do Rio de Janeiro na sede da Gávea do Centro de Mindfulness.

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